Música no Jardim
Sessões:
O projeto Música no Jardim apresenta o Música Antiga da UFF.
Canções de danças da Idade Média
Na Antiguidade Clássica as artes estavam relacionadas com as Musas, as nove filhas de Zeus com Mnemosina. Conta-se que Zeus criou as Musas para cantar a vitória dos Olímpicos contra os Titãs. Foram criadas para inspirar ideias, criarem beleza, propiciarem alegria e assim alegrarem as festas dos imortais. Desde então quando nos referimos às artes, nos referimos também às musas que as representam. No entanto, a concepção de Arte entre os gregos era muito diferente da nossa concepção atual. A palavra Música, vem de “arte das musas” e no entanto, a música em si, não está representada por uma musa especifica pois os gregos não separavam a música da poesia. Euterpe, portanto era a musa da poesia lírica, Calíope era a musa da poesia épica, Erato da poesia amorosa e Polímnia da poesia sagrada[1]. Todas essas artes estavam ligadas à música pois os textos eram sempre cantados ou acompanhados de música. A estas musas acrescentamos Terpsichore, a musa da dança pois para dançar também precisamos de música. Para que possam ser apreciadas, as artes das musas precisam ser “encenadas”. Para uma música existir não basta que esteja escrita em um papel, ela precisa ser tocada ou cantada diante de um público[2]. Assim são as artes “musicais” (das musas), elas só existem quando são encenadas, tocadas, cantadas, dançadas.
Música e Dança, duas das três artes performáticas[3] (a terceira é o teatro) que estiveram sempre presentes nas sociedades humanas. Por possuírem características imateriais, etéreas, baseadas em sons e movimentos que se perdem no tempo e no espaço, sempre se mostraram mais difíceis de serem registradas o que só aconteceu muito tardiamente. No caso da música, apesar da existência de algumas tentativas de registros ao longo da Antiguidade, é na Idade Média que aparecem as primeiras notações mais detalhadas e precisas, capazes de perpetuar a possibilidade de uma execução artística em um tempo futuro[4].
A escrita musical mais eficaz até os dias de hoje se desenvolveu dentro da Igreja medieval. No século XI, Guido D’Arezzo (991- depois de 1033), um mestre de coro italiano, desenvolveu um sistema de notação cujas bases permaneceu até os dias de hoje. Embora tenha sido criada para as atividades eclesiásticas, não foi utilizada apenas na Igreja. Extrapolando seus muros, foi também utilizada no registro das músicas profanas sendo utilizada para registrar o repertório musical trovadoresco e as danças instrumentais. Graças a essa invenção hoje podemos tocar, cantar e ouvir músicas escritas há mais de mil anos e saber que estamos bem próximos da sonoridade original.
PROGRAMA
Polorum Regina
Anônimo séc. XIV
Como podem per sas culpas
Afonso X séc. XIII
A l’entrada del temps clar
Anônimo séc. XII
Satarello
Anônimo séc. XIV
Cunct simus concanentes
Anônimo séc. XIV
A Virgem Santa Maria
Afonso X séc. XIII
Stella splendes
Anônimo séc. XIV
De Santa Maria sinal
Afonso X séc. XIII
Miragres fremosos
Afonso X séc. XIII
Nomem a sollempnibus
Anônimo séc. XII
Integrantes do Música Antiga da UFF
Leandro Mendes, Lenora Pinto Mendes, Mario Orlando, Márcio Paes Selles , Virgínia Van der Linden
[1] GRIMAL, Pierre. Dicionário da mitologia Grega e Romana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000, p. 319-20.
[2] HUIZINGA, Johan. Homo Ludens. London, Boston and Henley: Routledge & Kegan Paul, 1949, p. 165.
[3] Em português não temos um termo que englobe as ações (encenar, tocar, cantar e dançar). Esse termo existe na língua inglesa – perform, e hoje em dia, no Brasil, o utilizamos na forma aportuguesada “performa”.
[4] Somente as músicas que tiveram seus sons anotados podem ser reproduzidas nos dias de hoje, caso contrário se perdem no tempo e no espaço.
20 de junho de 2018
Quarta - 17h30
Jardim da Reitoria da UFF
Rua Miguel de Frias, 9 - Icaraí, Niterói
Entrada Franca
VÍDEO
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