Brasil: a margem – Teko Porã

Em guarani Teko Porã, em quechua Kawsai, Suma qanaña, em aymara, todos estes termos se referem a ideias sobre o Bem Viver em comunidade, uma busca por equilíbrio nas relações entre as pessoas e o meio ambiente capaz de compreendê-lo como um ser vivo e ativo. Essas ideias e valores dos povos ameríndios têm sido retomadas e repensadas como proposta para a sociedade, uma alternativa ao aprofundamento das desigualdades sociais, a degradação da natureza e as perdas das dimensões empáticas e afetivas nas relações humanas. O que pode a arte quando a sociedade é levada ao limite? Quais as potências nas formas expressivas dos povos ameríndios vem sendo invisibilizadas e colocadas à margem tanto social, quanto esteticamente? O Centro de Artes UFF, na segunda edição do evento Brasil: A margem, se propõem a ser um espaço acolhedor, abrindo seus espaços dedicados à arte, para as ideias, visões e formas expressivas tradicionais e contemporâneas dos povos indígenas, colocando em questão as concepções de arte, suas linguagens e o próprio conceito do contemporâneo, historicamente determinados sobre critérios do ocidente. O evento de 24 a 30 de abril, irá trazer a riqueza da cosmovisão e expressividade indígena, ocupando a galeria de arte, o espaço de fotografia, o Teatro e Cinema da UFF, bem como os espaços do jardim, com debates, oficinas, exposições, espetáculos, música e mostra de cinema. Artistas indígenas a partir de seu referencial estético ancestral e dos seus contextos de luta atuais antropofagizam a arte contemporânea ocidental e as artes de rua. Colocando em questão as linguagens artísticas clássicas e o próprio conceito de contemporâneo.

24 de abril – quarta-feira

 

17h – Teatro da UFF
Entrada Franca – Distribuição de senhas na bilheteria com 1h de antecedência.

Conferência de abertura
Ancestralidades indígenas e dilemas contemporâneos

com Daniel Munduruku
Daniel Munduruku é um dos mais importantes e conhecidos escritores indígenas. Ganhador de vários prêmios e honrarias, seu trabalho de difusão da cultura indígena na literatura infantil e adulta são marcantes no enfrentamento ao preconceito e desconhecimento sobre esse universo.

 

 

 

 

19h – Galeria de Arte UFF | Espaço UFF de Fotografia | Jardim da Reitoria

Abertura das exposições

Reantropofagia
O que pode a arte quando a sociedade é levada ao limite? Quais as potências nas formas expressivas dos povos ameríndios que vem sendo invisibilizadas e colocadas à margem tanto social, quanto esteticamente? Artistas indígenas a partir de seu referencial ancestral e do seu contexto de luta, antropofagizam a arte contemporânea ocidental, a arte digital e a arte de rua colocando em questão as linguagens artísticas clássicas e o próprio conceito de contemporâneo historicamente determinado por critérios da sociedade não indígena.
Coletiva de artistas contemporâneos indígenas brasileiros como: Jaider Esbell, Daiara Tukano, Sueli Maxakali, Nei Xakiabá, Coletivo Mahku Huni Kuin, Renata Machado e Naná Kaigang .

Curadoria: Denilson Baniwa e Pedro Gradella

Tka dahêmba / corpo terra
de Edgar Kanaykõ Xakriabá
Edgar Kanaykõ Xakriabá pertence ao povo indígena Xakriabá Estado de Minas Gerais. É mestrando em Antropologia pela UFMG. Tem atuação livre na área de Etnofotografia: “um meio de registrar aspecto da cultura – a vida de um povo”. Nas lentes dele, a fotografia torna-se uma nova “ferramenta” de luta, possibilitando ao “outro” ver com outro olhar aquilo que um povo indígena é.

Resistência!
de Sallisa Rosa

It Was Amazon
de Jaider Esbell

Projeção do Coletivo LabLUXZ
com obras de Denilson Baniwa e Jaider Esbell, com sonorização da Rádio Yandê, DJ Aratykyra.

25 de abril – quinta-feira

10h – Teatro da UFF
Entrada Franca, com inscrição prévia e certificação.

Seminário Línguas Indígenas I
Línguas indígenas: cosmologias e culturas
com Prof. José Ribamar Bessa Freire.

Professor da Pós-Graduação em Memória Social da UFRJ (UNI-Rio) onde orienta pesquisas de doutorado e mestrado. Professor da Faculdade de Educação da UERJ, onde coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas. Publica semanalmente crônicas no site Taquiprati.

 

15h – Teatro da UFF
Entrada Franca, com inscrição prévia e certificação.

Minicurso
Etnoestéticas indígenas: as tentativas de abordagens “não- indígenas” sobre a produção plástica ameríndia no Brasil
com Prof. Wallace de Deus Barbosa

O minicurso propõe um breve percurso panorâmico sobre tentativas de categorização de algumas das mais representativas expressões materiais de povos indígenas no Brasil, com base nos parâmetros da pesquisa etnológica e da crítica de arte especializada.

Wallace de Deus: Doutor em Antropologia pelo Museu Nacional (PPGAS-UFRJ). Professor e pesquisador do Departamento de Arte do Instituto de Artes e Comunicação Social (IACS/UFF). Integra o quadro docente do bacharelado em Produção Cultural e do Programa de Pós-Graduação CULTURA e TERRITORIALIDADES (PPCULT/ IACS/UFF).

  18h – Varanda
Entrada Franca

Roda de conversa com Katú Mirim
O cotidiano de uma indígena urbana, lésbica e mãe, vivendo na periferia de São Paulo.

 

19h – Jardim da Reitoria
Entrada Franca

Show Dub For Galdino (DubDem) + Katú Mirim + Werá MC

Dub for Galdino (Dubdem)
Desde 1996, Dubdem colabora com a rede mundial de cultura radical, o Indigenous Resistance. Em 2003 foi lançado o selo IR pelo TFTT que aborda os temas da resistência e realidade indígenas. Questões e fatos relacionados com estes temas, que normalmente não recebem a devida atenção, são o objeto de nossos trabalhos. O selo I.R. é parte integrante do Projeto TFTT Freedub e oferece vinis, livros e pôsteres grátis. Sendo uma iniciativa independente, os lançamentos do I.R. são produzidos com o mínimo de recursos, o máximo de colaboração e empenho de todos os envolvidos, uma família de companheiros voluntários que acreditam no espírito e na efetividade da resistência. 

Katú Mirim
Katú é indígena urbana, nascida no interior paulista. Por parte paternal descende dos Bororós, porém foi batizada e reconhecida como indígena pelos Guarani Mbya, quando recebeu de Nhanderu (divindade) o nome de Katú Mirim. Em 2017, Katú lançou seu primeiro single – Aguyjevete – que em guarani quer dizer gratidão. Na música ela fala da força e resistência do povo indígena e negro.

26 de abril – sexta-feira

 

10h – Teatro da UFF
Entrada Franca, com inscrição prévia e certificação.

Seminário Línguas Indígenas II
Roda de conversa com pesquisadores indígenas do Mestrado Profissional Linguística e Línguas Indígenas (Museu Nacional/UFRJ), com relatos acerca de suas pesquisas e particularidades de suas línguas nativas.
Participantes: Maria do Rosario Piloto Martins (Kupenai), de São Gabriel da Cachoeira, AM, etnia Baniwa; Maria Ângela Matos Moura (Yuphakó), de São Gabriel da Cachoeira, AM, etnia Tukano; Eronildes de Souza Fermin (Kwema), de Santa Terezinha, AM, etnia Omagua; Joseney Bastos e Erudes Felipe Castro (Yipatücü), de Feijoal, AM, etnia Tikuna; José Xiborá, de Iapetonha, RO, etnia Paiter/Surui; Jonas Polino Sansão, de Governador (MA), etnia Gavião; Antonio da Silva Santos (Vera Tupã) e Algemiro Karai Mirim, de Angra- Bracuí (RJ), etnia Guarani Mbya.

 

14h – Cine Arte UFF
Entrada Franca, com inscrição prévia e certificação.

Minicurso
Ñandereko e cinema indígena de direção coletiva
com ASCURI
Sessão de curtas de cineastas indígenas.
Os realizadores de cinema da Ascuri falarão da relação do modo de ser indígena e o modo de realizarem e ensinarem o audiovisual em aldeias com ênfase na importância da direção coletiva.
Ministrantes: Coletivo ASCURI – etnias Guarani Kaiowá e Terena

 

16h30 – Cine Arte UFF
Entrada Franca, com inscrição prévia e certificação.

Minicurso
Narrativa Visual Cinematográfica: a visão guarani
com Alberto Alvares

Professor, realizador de documentários e fotógrafo da etnia Guarani Ñandeva. O cineasta abordará a narrativa sob a perspectiva guarani, a partir de sua experiência, da arte cinematográfica.

 

18h30 – Cine Arte UFF
Ingressos valor único R$ 5

Lançamento do filme
O Último Sonho
De Alberto Alvares

Guiado pelos sonhos, com orientação de Nhanderu, Wera Mirim, mesmo após seu passamento, continua a guiar seu povo através de sua sabedoria ancestral, para além da vida.

 

20h – Cine Arte UFF
Ingressos R$14 | R$7 (meia)

Filme
Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos
Brasil, 2018, 114’, 12 anos
De João Salaviza e Renée Nader Messora
Com Henrique Ihjãc Krahô, Kôtô Krahô

Ihjãc é um jovem do povo Krahô, aldeia indígena localizada em Pedra Branca, no interior do Brasil. Depois de ser surpreendido pela visita do espírito de seu falecido pai, ele se sente na obrigação de organizar uma festa de fim de luto, comemoração tradicional da comunidade. Prêmio do Júri na mostra Um certo olhar, no Festival de Cannes 2018.

 

20h – Teatro da UFF
Ingressos R$ 10 | R$ 5 (meia)

Show Brisa de La Cordillera Flow
Com lançamento do disco Selvagem como o vento
Brisa de La Cordillera Flow é uma cantora chilena/brasileira que mistura sua levada latina com rap, eletrônico e neo/soul. Seu show tem repertório baseado em seu disco de estreia “Newen” e seu novo trabalho “De La Cordillera Lives”, que apresenta suas músicas com performances misturando instrumentos analógicos e eletrônicos.

Em agosto de 2017 lançou a música “Raia o Sol”; um trap que aborda o amor bissexual, e em novembro de 2017 o single + videoclipe “Dias e Noites de Amor e Guerra” inspirado no livro de Galeano com o mesmo título e na luta das mulheres mães solos periféricas.

A artista, mais conhecida como Brisa Flow, justifica o vulgo por ter uma musicalidade livre que flui com suas composições que sonorizam temas relacionados à vivência das mulheres e a desigualdade social presente na América Latina.

27 de abril – sábado

 

10h às 17h – Jardim da Reitoria
Entrada Franca

Feira Artesanal Indígena

 

10h – Varanda
Entrada Franca

Sarau de Literatura Indigena SEPE Niterói

 

11h e 15h – Jardim da Reitoria
Entrada Franca

Apresentação do coletivo Miitxya Funi-ô

 

16h – Teatro da UFF
Entrada Franca – Retirada de senhas na bilheteria à partir das 14h

Espetáculo Infantil
Arandu: Lendas Amazônicas

Do dialeto tupi-guarani, Arandu significa um misto de sabedoria e conhecimento. A ideia desta contação de histórias é transpor o público, por meio de um passeio poético entre as lendas amazônicas – Açaí, Dia e Noite, Vitória-régia e Carambola, a um Brasil ancestral que traz na narrativa oral o veículo de perpetuação da cultura.
Encenada pela atriz Lucia Morais, com direção de Adilson Dias, a peça apresenta histórias e canções dos povos indígenas.

28 de abril – domingo

 

10h às 17h – Jardim da Reitoria
Entrada Franca

Feira Artesanal Indígena

 

10h30 – Cine Arte UFF
Ingresso valor único de R$ 7

Música Antiga da UFF & Convidados
Cantos indígenas da América

 

14h – Jardim da Reitoria
Entrada Franca

Oficina de artesanato Guarani Mbya
com artesãs da Aldeia Ara Hovy

 

15h – Varanda
Entrada Franca

Contação de histórias indígenas, em puri e em português
por Dauá Puri

29 de abril – segunda-feira

 

10h – Cine Arte UFF
Entrada Franca – com inscrição prévia e certificação

Cine Escola
Exibições de animações infantis + Oficina de Animação
com Daniele Rodrigues

Daniele Rodrigues, educadora, abordará em sua fala o trabalho no desenvolvimento de animações sobre a cultura indígena realizadas com seus alunos e, da importância deste como instrumento pedagógico. Apresentará também os fundamentos da animação em uma atividade interativa.

 

17h – Teatro da UFF
Entrada Franca – Distribuição de senhas na bilheteria com 1h de antecedência

UFF Debate Brasil
Mulheres originárias : resistência, poesia e identidade

com Eliane Potiguara, Taily Terena e Renata Machado

Eliane Potiguara é escritora, poeta, professora, ativista e importante liderança indígena com participação fundamental na elaboração da Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas/ONU.

Taily Terena, antropóloga e participante do Conselho Nacional de Mulheres Indígenas e do Comitê Intertribal, Memória e Ciência Indígena. Têm interesse pelas questões indígenas, principalmente terra /território, direito indígena internacional, mudanças climáticas, preservação e manutenção da cultura tradicional, mulheres indígenas e saúde indígena.

Renata Machado, jornalista e co-criadora da Rádio Yandê, fundada em 2013 no Rio de Janeiro, com objetivo de conceber um espaço coletivo para que indígenas de vários cantos do Brasil pudessem ser protagonistas da própria história.

30 de abril – terça-feira

 

14h às 16h – Teatro da UFF
Entrada Franca – com inscrição prévia e certificação

Minicurso
Do grafismo à arte indígena contemporânea

com Denilson Baniwa

O artista e curador apresenta um panorama da arte indígena desde o grafismo até a arte contemporânea, apontando a importância dessas expressões na resistência indígena.

Denilson Baniwa, articulador de cultura digital, ilustrador, diretor de arte, comunicador, web ativista, artista gráfico e ativista dos direitos indígenas. Ao lado de Anápuáka Tupinambá e Renata Tupinambá, é também um dos coordenadores da Rádio Yandê, fundada em 2013, com a missão de propagação da cultura indígena fora das aldeias, difundindo a cultura indígena com a ajuda da velocidade e o alcance da tecnologia e da internet.

 

17h – Teatro da UFF
Entrada Franca – Distribuição de senhas na bilheteria com 1h de antecedência

Conferência de encerramento
Ipa theã oni: flecha para tocar o coração da sociedade não indígena

com Davi Kopenawa

Davi Kopenawa, liderança dos Yanomami, líder espiritual e uma das principais vozes do mundo em defesa dos povos da floresta e da vida.