Cantos Indígenas da América
Na América espanhola, paralelamente à ação dos jesuítas que usavam a música como uma das ferramentas para a catequização dos povos ameríndios, a música se desenvolveu nas catedrais através de seus mestres de capela como o caso do português Gaspar Fernandes (1566-1629), organista e compositor que atuou nas Catedrais de Santiago de Guatemala e Puebla de los Angeles, no México.
A produção musical desse período deixa transparecer a síntese das culturas europeia, indígena e africana, trazida para a América pelos negros escravizados. Podemos observar o resultado dessa mistura nos Vilancicos índios e guineos, nos hinos religiosos em Nahuatl ou Quichua.
No Peru entre os anos 1782 e 1785, o Bispo de Trujillo, Baltasar Jaime Martinez Compaõn, empreendeu uma viagem pelo país que durou dois anos. Durante essa viagem elaborou um documento que recebeu o nome de Códice Martinez Compañon que, além de desenhos, nos deixou vinte melodias recolhidas e anotadas pelo bispo.
Chegando aqui no Brasil, percebemos que a influência indígena na obra de Heitor Villa-Lobos (1887-1959) apresenta-se ligada à sua própria vivência, de suas andanças pelo Norte, Nordeste e Amazônia. Villa-Lobos ambientou os temas indígenas e utilizou uma fusão única de ritmos, escalas e principalmente lendas pré e pós-colombianas.
O programa de hoje apresenta um pouco dessa produção única, resultado da mistura de culturas e etnias e demonstra como os modelos eruditos de composições europeias são reelaborados a partir da experiência multiétnica e multicultural vividas nos impérios português e espanhol nas Américas e no Brasil.
PROGRAMA
Dadme Albricias mano Anton Gaspar Fernandes séc. XVI
Dios itlazo Hernando Franco séc. XVI
Tleycantimo choquiliya Gaspar Fernandes séc. XVI
Xicochi xicochi Gaspar Fernandes séc. XVI
Turulu neglo Anônimo séc. XVI
Hanacpachap cussicuinin Anônimo séc. XVII
O Canto do Pagé Heitor Villa-Lobos 1933
Cantos de Çairé Amb. Por Villa-Lobos
Nozani-ná Roquete Pinto
Cachua de La Despedida Anônimo séc. XVIII
Cachua al nacimiento de Christo Anônimo séc. XVIII
Cachua Serranita Anônimo séc, XVIII
Música Antiga da UFF: Leandro Mendes, Mario Orlando e Virgínia van der Linden
Convidados: Cecília Aprigliano, Kristina Augustin, Lenora Pinto Mendes, Márcio Paes Selles, Sônia Leal Wegenast e Coro da UFF.
28 de abril de 2019
Domingo | 10h30
Cine Arte UFF
Rua Miguel de Frias, 9 – Icaraí, Niterói
Ingressos: Valor único R$ 7