OSN TEMPERO MUSICAL - Episódio 7

Sessões:

 

Em julho 2020, durante a quarentena, a OSN UFF estreou seu novo programa: OSN Tempero Musical com o objetivo de diversificar as abordagens sobre o conteúdo de música. O programa propõe uma analogia entre os rituais de cozinhar, obrigatórios para quase todos nesse período de isolamento social, e os de estudo do músico.

Elementos como organização, concentração, funcionalidade, objetivos e busca de resultados a curto, médio e longo prazos serão abordados numa conversa na cozinha sobre música e as semelhanças de experimentação e solidificação de técnicas entre esses dois universos. 

OSN Tempero Musical

Episódio 7: “Peri quer torta!”

Antonio Carlos Gomes, o primeiro “popstar” brasileiro, e Alberto Nepomuceno, dois grandes compositores românticos, brasileiros, nacionalistas!

O amor adolescente proibido, cantado em italiano por Peri, um índio guarani, e Cecília, a filha de um fidalgo português, é o mote dessa ópera baseada no romance O Guarani de José de Alencar. “Il Guarany” abre uma carreira de sucessos para Carlos Gomes em março de 1870, no aclamado Teatro alla Scala de Milão.

Em contraponto a Carlos Gomes, anos mais tarde e apesar de grandes influencias composicionais europeias em sua obra, Alberto Nepomuceno inicia uma “revolução” de cunho nacionalista, ao implementar o canto em língua portuguesa na música erudita brasileira: “não tem pátria um povo que não canta em sua língua”.

Prato: Torta Capixaba – prato típico capixaba, servido tradicionalmente na sexta-feira Santa nos lares espírito-santenses, tem uma receita ancestral indígena que consistia em preparar frutos do mar sortidos com palmitos. Mais tarde o prato que já conquistava os paladares portugueses, ganha o acréscimo de ovos e um ingrediente que o torna a atual torta capixaba que hoje conhecemos: o bacalhau. Tão antiga é essa receita que ocupavam espaço destacado nos registros e relatos de Pero Vaz de Caminha. Completando a tradição capixaba, nossa torta é assada em panelas de barro igualmente típicas do estado. A escolha dessa iguaria é uma homenagem aos índios brasileiros, representados pelo protagonista da ópera Il Guarany, de Antonio Carlos Gomes.

Ingredientes:

400g de bacalhau dessalgado, cozido e desfiado

400g de camarão médio, descascado

4 tomates grandes picados

5 cebolas grandes sendo 4 picadas e 1 cortada em rodelas para decoração

2 molhos de coentro picados

500g de palmito drenado e picado

6 ovos

2 colheres de sopa de sementes de urucum (pode-se substituir por colorífico em pó)

azeitonas a gosto (para a massa e para decorar)

4 dentes grandes de alho picados

azeite em abundancia

 

Preparo:

Numa panela grande, refogar em azeite previamente colorido pelo urucum (sementes aquecidas em azeite em panelinha ou frigideira pequena), acrescentando a ele as cebolas, tomates e o alho. Acrescentar o bacalhau cozido e desfiado e cozinhar por 15 minutos. Na sequencia,  levamos também à panela os camarões, o palmito e o coentro picados e cozinhamos por mais 5 minutos evitando que o camarão se enrijeça, e não desmerecendo o paladar e perfume dos coentros.

Bater as claras em neve e acrescentar as gemas posteriormente e bater levemente por mais poucos minutos. Separar ¼ dessa mistura para decorar a torta.

Misturar ¾ das claras em neve “amarelinhas pelas gemas” a nossa mistura de bacalhau, camarões, palmitos e mexer suavemente para que nossa “massa” esteja completamente envolta.

Numa panela de barro (caso não tenha, usar um pirex) untada com azeite, despejar nossa mistura. Acomodar uniformemente na panela e cobrir com as claras que sobraram. Decorar colocando as rodelas de cebolas sobre as claras, cada uma tendo 1 azeitona inteira no centro desses anéis. Levar ao forno preaquecido por meia hora até que estejam douradas as claras e que nossa massa se encontre mais sequinha. Servir com arroz branco e regar com muito azeite extra-virgem de boa qualidade. Bom apetite!

Fernando Thebaldi
Indicado ao Grammy Latino 2012 com o CD “Quartetos de Cordas” do Prelúdio 21, premiado quando ainda era viola do Quarteto Radamés Gnattali como Melhor Conjunto de Música de Câmara do Brasil na 13^a. edição do Prêmio Carlos Gomes em 2009, Fernando Thebaldi já atuou como solista da Orquestra Petrobras Sinfônica, Orquestra Sinfônica Nacional da UFF, Orquestra Sinfônica da UFPb, Ars Musica de Rotterdam e Orquestra Municipal de Asunción no Paraguai. Thebaldi é o único violista brasileiro a gravar em DVD e Bluray todos os 17 quartetos de cordas de Villa-Lobos. Seu últimos CDs, lançados respectivamente em 2018 e 2019 ao lado da pianista Yuka Shimizu e do clarinetista Cristiano Alves, contém obras para viola de Ricardo Tacuchian, compositor que dedicou a Thebaldi 2 obras: “Tomilho” para viola solo e “Miniaturas” para viola e piano. Violista e um dos diretores artísticos da Orquestra Petrobras Sinfônica bem como integrante da Orquestra Sinfônica Nacional da UFF desde 2006, frequenta como cozinheiro amador, aulas regulares de gastronomia, harmonização e degustação promovidas por Estilo Gourmet Sabor Culinário.

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06 de outubro de 2021
Quarta | 12h
Redes sociais do Centro de Artes UFF e OSN UFF