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UFF - Universidade Federal Fluminense

A exposição ‘An-gi-cos’ faz alusão a uma experiência pedagógica ocorrida, em 1963, na cidade interiorana de mesmo nome localizada no Rio Grande do Norte, na qual educadores formados por Paulo Freire atuaram na alfabetização de alguns moradores. Paulo Freire foi convidado para visitar o estado nordestino, trabalhou em conjunto com outros educadores e aplicou, em cerca de 40 horas de aulas, alguns exercícios que proporcionaram o projeto pedagógico de alfabetização de adultos.
Aquela experiência foi decisiva para o fortalecimento do ‘Método Paulo Freire’, que consiste no contato dos educandos com referências próximas ao seu convívio, facilitando o aprendizado – algo que hoje é encarado como prática comum entre os educadores.

Imagens extraídas do documentário ‘As quarenta horas de Angicos’, de 1963.

 

 

 

 

Assim, Assú
As paisagens de Wagner di Oliveira

 

PAULO FREIRE E BRENNAND

 

Ao criar o método de alfabetização praticado em Angicos, Paulo Freire indicou o uso de imagens associadas às palavras geradoras para fomentar o processo do ensino da escrita e da leitura e também o debate e a conscientização política, dinamizando assim as aulas. Os desenhos utilizados na experiência de Angicos foram feitos por um desenhista natalense, Uran França, e transformados em slides pelo laboratório de Gastão Roberto Coaracy, no Rio de Janeiro. Os desenhos originais eram bastante simples, sendo enriquecidos e aprimorados durante e após a experiência. Paisagens, objetos, animais e pessoas eram apresentados, ora em gravuras ora em slides, e visualizados através de um projetor movido a gás. O artista pernambucano Francisco Brennand ilustrou a terceira série dessas fichas com as figuras. Hoje consagrado, Brennand tinha 35 anos quando construiu os desenhos que serviram ao método e incorporados ao Programa Nacional de Alfabetização. As gravuras foram destruídas no período da ditadura militar, porém reproduções dos slides ficaram guardadas por 30 anos e recentemente foram disponibilizados.

 

HOJE, ANGICOS

Quase sessenta anos depois, as fichas de cultura (como foram chamadas as peças confeccionadas por Brennand) agora estão aqui em nossa exposição. Apresentadas ao lado de trabalhos de artistas contemporâneos, elas ganham novas leituras para hoje refazermos o caminho de Angicos. Para cada peça aqui apresentada, um outro trabalho que nos fará pensar o nosso lugar atual, cheio de novos conflitos e necessidades, provando que sempre precisamos aprender a ler coisas novas para amanhã ensinarmos alguém. Agradecemos aqui os artistas – incansáveis professores desse mundo – que colaboraram para que essa exposição ganhasse forma.

 

CRI-AR

 

Guilherme Kid (RJ) apresenta, assim como a ficha criada por Brennand, um homem em seu lugar e tudo o que isso implica. O que somos quando escolhemos fazer aquilo que fazemos de melhor?

 

 

Guilherme Kid

 

ES-PE-RAN-ÇAR

 

O que nos pode ensinar um vaso com flores?
Fora de seu natural, desejamos que as plantas sigam vistosas tanto quanto foram um dia. Ledo engano. Vamos deixar que a pintura de Clara Nogueira (PE) nos traga o verde que sempre queremos ter por perto.

 

 

Clara Nogueira

 

SO-NHAR

 

Pessoas, animais, plantas e chão; todos integrados em um mundo são.
Binário Armada (CE) junta tanto esses elementos que compõe um único corpo, sem brigas e sem protagonistas, naquilo que a história nos contou ser somente possível em um mundo inventado pelos artistas.

 

 

Binário Armada

 

COM-PAR-TI-LHAR

 

Quais objetos aqueles homens modelam?
Podemos imaginar alguns, mas o certo é que sai das mãos de uma mulher os búzios de barro que se apresentam ao lado.
Gabriella Marinho (RJ), em uma simples dobra na argila, nos entrega seu gesto e nossa origem.

 

 

Gabriella Marinho

 

PO-LI-TI-ZAR

 

A roda da cultura se faz dentro e fora das salas de aula, tanto nas ruas quanto nas faculdades, indo e vindo, em uma dança cheia de convidados.
Dança quem é sabido e por isso quer aprender mais, como nos diz um fabuloso desenho de Marina Tasca (SP).

 

 

Marina Tasca

 

PO-E-TI-ZAR

 

Um poema nasce como uma bomba e cresce revelando o rosto de quem o fez.
No vídeo de Juliana Lapa (PE), podemos ler a intensidade de sua autora a cada risco no caderno.

Juliana Lapa

 

VI-VER

 

Um dia existiu um pássaro chamado Paz.
Gustavo Caboco (RR) pega emprestado o vermelho cor do sangue e evoca os momentos que antecederam a queda de quem um dia voou.

Gustavo Caboco

 

LI-BER-TAR

 

Capa do disco ‘Tenha Consciência’, do grupo gaúcho J.Clip. 1992.

 

 

Galpão Cultural Casa de Hip Hop (fotografia: Flávio Dutra)

Virá do Rio Grande do Sul a primeira casa de preservação à memória da cultura Hip Hop presente na América Latina. Por lá, já existe o Galpão Cultural Casa de Hip Hop.
Longe dos estereótipos que um dia imaginaram alguma unanimidade, o Museu do Hip Hop RS chega para nos ensinar que somos mais plurais do que um dia poderíamos enxergar.

 

CUI-DAR

 

A flecha aponta, mas não derruba o bicho.
Jasson (AL) busca pássaros e multiplica-os, como um mágico que guarda algum poder ancestral.

 

 

Jasson

 

LU-TAR

 

Como gato e rato, vivemos em uma caçada na qual buscamos saber o que somos.
Somos bichos até o momento que olhamos nos nossos próprios olhos – como nos ensina Maria Júlia Rego (SP) – e encaramos de frente a afiada vida.

 

 

Maria Júlia Rego

CRÉDITOS

Coordenação de Artes – Pedro Gradella
Gerência Artes Visuais – Suane Queiroz
Textos – Alan Adi
Produção – Alan Adi, Aline dos Santos, Carla Fernandes e Neide Ribeiro
Web Design – Maxini Matos

Mais sobre a exposição no Instagram das Artes Visuais: www.instagram.com/artesvisuais.ceartuff

 

 

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