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UFF - Universidade Federal Fluminense

Nara - A menina disse coisas

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O Brasil conheceu uma cantora que foi popular e contundente – quando unir tais características era possível. E influente, quando isso não era medido por likes ou views. E plural, como outras só seriam nos anos 1990. E corajosa, tanto por dar voz a canções que criticavam as mazelas do país quanto por suas declarações, muitas delas contra o governo militar de então. Essa cantora, única por ser tão multifacetada, era Nara Leão, que saiu de cena em 1989, após lutar por anos contra um aneurisma. Nara terá sua vida contada (e cantada) no teatro. Nara – A menina disse coisas é um musical escrito pelo jornalista Hugo Sukman em parceria com o diretor e ator Marcos França, dupla do elogiado Deixa a dor por minha conta, sobre Sidney Miller. A personagem será vivida por Aline Carrocino, também produtora da montagem, idealizada pelo jornalista Christovam de Chevalier. Aline divide a cena com França, que personifica os papéis masculinos, e mais cinco músicos. O espetáculo tem direção artística de Priscila Vidca e direção musical assinada por Guilherme Borges.

O texto aborda momentos marcantes da vida da artista entremeando-os com mais de 15 canções, todas significativas do seu repertório. O ponto de partida é um show de Carlos Lyra em idos dos anos 80, quando o cantor é surpreendido pela presença de Nara na plateia. Ela sobe ao palco e, na hora de cantar, tem um dos seus lapsos de memória, mais e mais comuns. Essa característica é o artifício para a primeira das muitas mudanças de tempo na trama. E a vida da cantora começa a ser esmiuçada, sem, contudo, seguir uma ordem cronológica. Entre as passagens, sua emancipação aos 16 anos (seu pai defendeu a independência feminina), seu encontro com Ronaldo Bôscoli, com quem romperia relações em seguida (e consequentemente com a bossa nova), a descoberta do aneurisma, sua aproximação do samba de morro, das canções de protesto, da Tropicália e o exílio na França, de onde, volta apaziguada com a bossa nova e com outros clássicos do cancioneiro brasileiro, os quais visitaria já consagrada.

Nara tinha o hábito de anotar alguns de seus sonhos num caderno. E parte desses registros também foi usada pelos autores, que os costuram a declarações da artista, muitas delas à grande imprensa, além de fontes outras como o poema escrito por Carlos Drummond de Andrade para a cantora – e do qual os autores tiraram o título para o musical. Drummond é, aliás, um dos muitos personagens interpretados por Marcos França, que dá voz também ao pai de Nara e a nomes como Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli, entre outros tantos.

E as dualidades enfrentadas por Nara estão todas ali. Talvez a principal delas seja entre a figura humana e a persona artística. Não sou musa de nada!, declara num dado momento. E em se tratando de um musical, as canções são peças-chaves. O roteiro inclui temas como Primavera (Lyra e Vinicius), Carcará (João do Vale, do emblemático show Opinião), Se é tarde me perdoa (Lyra e Bôscoli) e canções daquele que foi o compositor mais presente no repertório da intérprete: Chico Buarque. São músicas como João e Maria, Soneto, História de uma gata (do musical Os saltimbancos, apresentado no hoje extinto Canecão) e, claro, A banda, a primeira das muitas canções que gravaria do autor. O compacto com essa música, vale dizer, vendeu 50 mil cópias – feito que desbancou Frank Sinatra na época.

Desbancar o cantor favorito de Bôscoli foi apenas um dos muitos feitos de Nara Leão. Uma cantora que abriu portas para suas colegas de geração e às vindouras. Uma mulher que não se deixou calar ou abater – nem nos seus momentos finais. Se alguém perguntar por ela, é só dizer que está logo ali, no Teatro Ipanema.

Aline Carrocino é atriz, cantora, bailarina e produtora, tendo atuado em importantes musicais, tanto para o público adulto quanto para o infantil. Dentre as produções em que atuou estão Noel, feitiço da Vila, Muita mulher para pouco musical, Novelas, o musical, Todo vagabundo tem seu dia de glória, Luiz e Nazinha e Bituca para crianças, que apresenta aos pequenos as obras de Luiz Gonzaga e Milton Nascimento, respectivamente. Pelo primeiro ganhou o prêmio de Melhor Atriz do Centro Brasileiro de Teatro para a Infância e Juventude.

Marcos França é ator, diretor e dramaturgo. É um dos criadores do Núcleo Informal de Teatro, dedicado à pesquisa de nomes da música brasileira e, com o qual, desenvolveu os musicais Antonio Maria – Noite é uma criança (2004), Ai, que saudades do Lago (2006) e Aquarela do Ary (2007/2008). Criou e atuou nos projetos Na rotina dos bares (2012), com direção de Ana Paula Abreu, e Chabadabada (2015), com texto de Xico Sá, músicas de Wando e a direção de Thelmo Fernandes.

 

Ficha técnica:
Idealização: Christovam de Chevalier
Dramaturgia: Hugo Sukman e Marcos França
Direção: Priscila Vidca
Direção Musical: Guilherme Borges
Elenco: Aline Carrocino e Marcos França
Iluminação: Paulo César Medeiros
Cenário: Pati Faedo
Figurino: Paula Ströher
Desenho de som: Branco Ferreira
Visagismo: Vitor Martinez
Programação Visual: Cacau Gondomar
Fotografia: Janderson Pires
Direção de Produção: Aline Carrocino (Alce Produções) e Heder Braga
Realização: Aline Carrocino e Guilherme Borges

20 a 22 de julho de 2018
Sexta, Sábado e Domingo – 20h
Teatro da UFF
Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí – Niterói/RJ
Ingressos: R$ 50 | R$ 25 (meia)
Classificação etária: Livre
Informações: 3674-7512 | a partir de 14h

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