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UFF - Universidade Federal Fluminense

Eu só queria que você não olhasse pro lado

Sessões:

 

Eu só queria que você não olhasse pro lado é o primeiro monólogo da atriz Rose Abdallah, com direção de Guta Stresser e texto de Herton Gustavo Gratto, e celebra os 30 anos de carreira da atriz. O espetáculo, que lotou as sessões durante as temporadas cariocas nos teatros Sergio Porto e Candido Mendes, chega ao Teatro da UFF em dezembro, com ingressos a R$50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia).

“Em tempos de amores líquidos, o ciúme é uma verdadeira contradição. Uma Medeia contemporânea, um Bentinho à beira do abismo, um Otelo em erupção. Rose é tudo isso em cena e Guta soube guiá-la com a precisão do afeto. Precisamos falar sobre esse sentimento universal, atemporal, tão humano e desumano ao mesmo tempo”, provoca o autor do texto, Herton Gratto.

Na trama, a personagem, vencida por um ciúme irreversível e tomada por uma espécie de sede de vingança, decide dar cabo à própria vida no afã de se livrar do sentimento dilacerante que levou o marido a abandoná-la. Numa banheira, ao som de Non, je ne regrete rien, de Edit Piaf, ela confessa todos os excessos que cometeu movida pela desconfiança e falta de amor próprio. O autor propõe uma reflexão sobre o cárcere particular em que habitam tanto os ciumentos, quanto os que são alvos desse amor patológico.

“Quando Herton me contou sobre a peça, disse: ‘é uma mulher ciumenta, muito ciumenta!’. Li e fui arrebatada por essa energia, que é tão humana. A trama nos convida a pular no abismo da compulsão - e pulei. Aliás, pulamos! Para me acompanhar nessa queda livre, convidei Guta Stresser, minha irmã. Quem nunca sentiu ciúmes que atire a primeira pedra!”, desafia Rose Abdallah.

Guta pensa o espetáculo como um ritual. “A personagem é uma mulher que ama demais, que tem ciúmes demais, que sente demais e nos convida a participar da sua dor expondo as vísceras, as vergonhas mais inconfessáveis, rasgando sua alma, abrindo suas veias e temperando com sangue e lágrimas esse prato que é o texto e que ela nos serve quente”, enumera a diretora, que está curtindo montar o texto do autor pela primeira vez.

A plateia ri, mas é de nervoso, como todos puderam constatar na leitura dramatizada que realizaram, e durante os ensaios acompanhados por amigos. Parece que todos se identificam com alguma passagem, algum comportamento. Na certa, há também os que sentem repulsa por terem sido amados para além dos limites aceitáveis. E vemos como o ser humano é de perto, já que a personagem refaz o seu calvário íntimo nos seus minutos finais – ou serão os minutos iniciais da vida em outro plano?

Eu só queria que você não olhasse pro lado é um texto inédito de Herton (também ator, poeta, roteirista e publicitário), com direção musical de André Paixão, figurinos de Patrícia Muniz, cenografia e direção de arte de Leticia Ponzi, iluminação de Dani Sánchez e realização da Arrastão de Ideias.

“Em tempos de amores virtuais, likes, nudes e sentimentos viralizados, comentados, compartilhados, o ciúme continua presente e encontra outras plataformas para se manifestar”, pontua o autor, que escreveu o texto de forma rimada, quase como uma clássica tragédia grega, embora esta encenação não seja cantada, por opção.

Numa banheira de sangue – ou de molho de tomate, que acompanha o prato preferido do marido atormentado pelo ciúme doentio da esposa – a protagonista expõe a potencialidade destruidora de nossas inseguranças em relação ao outro.

Rose é mais do que amiga: chegaram a morar juntas quando Guta, curitibana, veio para o Rio de Janeiro a fim de atuar n’Os Fodidos Privilegiados, nos idos de 1997. Aprenderam muito e, juntas, com as emblemáticas montagens de Antonio Abujamra (1932-2015): O casamento (1997), de Nelson Rodrigues, Auto da Compadecida (1998), de Ariano Suassuna, e Tudo no timing (1999), de David Ives. Guta saiu da companhia em 2001 para viver a Bebel em A Grande Família e Rose segue nos Fodidos Privilegiados, conduzido por João Fonseca, desde a partida do seu criador.

“Sempre me admiro com o talento e a criatividade da Rose! Ela e Herton me trouxeram a peça e a alegria de poder contribuir com meu olhar com essa deliciosa catarse, cheia de humor ácido e transbordante de nuances. Essa dor que nos atravessa a alma, nos rasga as entranhas e nos mata por dentro, esse monstro chamado ciúme. Ninguém vai conseguir olhar para o lado”, avisa Guta, que já dirigiu outras peças, mas encara o seu primeiro monólogo com este espetáculo.

Rose é atriz premiada no teatro, com passagens interessantes pelo cinema, e também atua como diretora teatral. “Há tempos nutria um desejo de que o meu primeiro monólogo fosse regido por uma pessoa que eu amasse, respeitasse, admirasse, confiasse. Gutinha é tudo isso! Temos muitos anos de aplausos, coxias, hotéis, bares, urdimentos, camarins, vida compartilhada!”, derrete-se a atriz, feliz com o trabalho que já vai nascer.

 

FICHA TÉCNICA

Texto: Herton Gustavo Gratto
Idealização e atuação: Rose Abdallah
Direção artística: Guta Stresser
Assistente de direção: Jozi Granha
Direção musical: André Paixão
Sonorização: Riko Viana e Leandro Lobo
Cenografia e direção de arte: Leticia Ponzi
Figurino: Patrícia Muniz
Iluminação: Dani Sánchez
Produção: Sandro Rabello e Simone Vidal
Realização: Diga Sim Produções

01 e 02 (sábado e domingo) e 07, 08 e 09 (sexta, sábado e domingo) de dezembro - 20h
Teatro da UFF
Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí – Niterói/RJ
Ingressos: R$ 50 | R$ 25 (meia)
Informações: 3674-7512 | a partir de 14h

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