FRESTAS POR ONDE MUROS ESCOAM
De 06/04/2017 a 14/05/2017
A mostra de Úrsula Tautz, que será instalada no Jardim da Reitoria, discute o mundo pós-globalizado, onde o sujeito não ocupa mais o centro e todas as fronteiras são híbridas e onde era de se esperar que a diversidade fosse bem-vinda.
Porém, a incapacidade de lidar com o fim da fantasia de um sentimento de pertencer a uma nação plenamente unificada, completa, segura e coerente, gerou um falso temor: ou as identidades nacionais seriam homogeneizadas ou resistiriam ao processo globalizante.
Na tentativa de petrificar as identidades, as fronteiras se fecharam e as tradições foram enaltecidas, interditando as diferenças e o hibridismo.
Líderes populistas, a ascenção da direita, crise migratória, gestos nacionalistas-protencionistas vêm tentando manter a ordem doméstica através de estados-nação fortes. Considerando o outro como exótico e excepcional, o diferente como alguém a ser dissolvido em vez de ter sua cultura compreendida e partilhada.
Contudo, mesmo diante de todas as criações de subjetividades para a manutenção dos Estados, que justificariam ao indivíduo seu pertencimento, o sentimento de identidade e lealdade a uma nação parece escoar e perder-se pelas frestas dos muros.
Todavia, um país não é definido apenas por suas fronteiras: “uma cultura nacional é um discurso” (Stuart Hall), afirma Úrsula Tautz.
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